Peritos analisam o atropelamento do ator Kayky Brito

Peritos analisam o atropelamento do ator Kayky Brito e realizam a reconstituição do acidente com a estimativa da velocidade do veículo.

Neste artigo, os peritos analisam o atropelamento do ator Kayky Brito ocorrido na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, em 02/09/2023.

Os engenheiros Pedro Gomes e Antônio Arantes da Garcia Gomes realizam uma análise preliminar utilizando técnicas de rastreamento de objeto, medidas de referências do Google Earth, juntamente com a aplicação de fotogrametria e conceitos físicos, bucar-se-á estimar a velocidade do veículo envolvido no acidente.

Através dessa análise, lançaremos luz sobre os procedimentos forenses utilizados para determinar as circunstâncias e consequências do atropelamento.

Ressalta-se que a investigação conduzida aqui estão restritas ao acesso das informações divulgadas pela mídia. Contudo, o interesse principal está na apresentação das ferramentas de livre acesso para estudos forenses.

1. Introdução
2. Metodologia da análise
3. Coleta de dados
4. Análise
5. Estimativa da velocidade do veículo
6. Limitações e considerações
7. Conclusão
8. Referências
9. Autores

1. Contexto do Atropelamento de Kayky Brito

Uma câmera de segurança da Avenida Lúcio Costa, altura do número 4.700, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, registrou o momento do acidente do ator Kayky Brito, de 34 anos, na madrugada do sábado (02/09/2023).

Nas imagens, a câmera marca o horário de 00h50, quando o ator volta de seu carro, onde havia ido guardar algo, sendo atingido em seguida.

Conforme imagens analisadas, após a colisão, rolou sobre o veículo Fiat Argo, sendo lançado a uma altura superior a 1,5 metros, seguido pelo impacto com o leito da Avenida Lúcio Costa.

Há diversos fatores a serem avaliados e as distâncias precisam ser precisamente colhidas no local dos fatos.

Portanto, esta análise que se apresenta aqui é uma versão preliminar, considerando que apenas o vídeo foi disponibilizado e que as medidas foram extraídas do Google Earth e da análise por fotogrametria.

A velocidade poderá ser estimada por um software de rastreamento de objetos de código aberto, auxiliada às medições por fotogrametria e análise de imagens pelo Google Earth Pro.

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2. Como os Peritos Analisaram o Caso de Kayky Brito

A metodologia para a investigação do caso em tela será baseada no diagrama que segue pela Figura 1.

2.1 Software de rastreamento de objetos utilizado na análise do vídeo do atropelamento

O software utilizado para o rastreamento e cálculo da velocidade estimada será o Tracker.

O Tracker é uma ferramenta gratuita de análise de vídeo e modelagem baseada no framework Java Open Source Physics. Ele é projetado para ser usado na educação em física.

A modelagem de vídeo do Tracker é uma maneira poderosa de combinar vídeos com modelagem computacional.

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2.2 Uso da fotogrametria na análise de atropelamentos

A fotogrametria é uma técnica de medição e mapeamento que utiliza imagens fotográficas para criar modelos tridimensionais precisos de objetos, estruturas ou ambientes.

Através da análise de diferentes ângulos e sobreposições das imagens, a fotogrametria permite determinar medidas, distâncias e geometria com base nas informações visuais captadas pelas fotografias, tornando-se uma ferramenta valiosa em áreas como arquitetura, engenharia, cartografia e análise forense.

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2.3 Uso do software ImageJ para análise de sinistro

Outra ferramenta importante na análise do caso é o ImageJ.

O ImageJ é um software de processamento de imagem de código aberto, amplamente utilizado em diversas áreas, incluindo pesquisa científica, análise de imagens médicas, biologia, engenharia e muitas outras disciplinas.

Ele foi originalmente desenvolvido pelo National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos como uma ferramenta de processamento de imagem para a área de pesquisa biomédica.

O ImageJ é conhecido por sua flexibilidade e versatilidade na manipulação e análise de imagens digitais.

O software suporta uma ampla variedade de formatos de imagem e oferece várias ferramentas para realizar tarefas como medição, segmentação, restauração, análise de partículas, criação de gráficos e muito mais.

Além disso, sua natureza de código aberto permite que os usuários desenvolvam plugins e extensões personalizadas para atender às suas necessidades específicas.

Através do ImageJ pode-se processar imagens capturadas de cenas de acidentes, reconstituir objetos em 3D a partir de várias imagens, medir distâncias, áreas e volumes com precisão.

Pode-se, ainda, realizar análises de ponto de referência e até mesmo auxiliar na estimativa de velocidades de veículos, similarmente ao que você planeja fazer em seu artigo.

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2.4 Medições do local do acidente com a ferramenta Google Earth

O Google Earth é uma ferramenta de mapeamento geográfico virtual que oferece imagens de satélite e informações geográficas de várias partes do mundo.

A ferramenta, de livre acesso, permite aos usuários explorar diferentes regiões, visualizar terrenos em 3D e até mesmo obter informações sobre pontos de interesse, estradas e edifícios.

Uma das funcionalidades úteis do Google Earth é a possibilidade de realizar medições de distâncias, áreas e volumes em suas visualizações.

Ao utilizar o Google Earth para medições, os usuários podem traçar linhas ou polígonos sobre a imagem para calcular distâncias, ou áreas, respectivamente. Embora seja uma ferramenta conveniente para obter estimativas rápidas, é importante considerar algumas limitações.

A confiabilidade das medições no Google Earth pode variar conforme a precisão das imagens de satélite disponíveis para a área específica, o terreno e a escala da medição.

2.5 Medições do local x Google Earth

A precisão das medições também pode ser afetada por fatores como a resolução das imagens, a distorção devido à inclinação do terreno e a precisão do método de interação do usuário ao traçar as linhas ou polígonos.

Em casos de análise forense, é fundamental reconhecer que as medições obtidas no Google Earth podem ser aproximadas e não devem ser consideradas valores absolutamente precisos.

Portanto, ao utilizar o Google Earth para medições em uma análise de acidente ou qualquer outra aplicação crítica, é recomendável validar as medições por meio de outras fontes de referência, como medições diretas no local ou informações cartográficas mais precisas, caso disponíveis. Isso garantirá uma análise mais robusta e confiável.

Juntando-se as técnicas de medições de imagens do Google Earth e por fotogrametria utilizando o ImageJ, é possível alimentar o software de rastreamento de objetos, Tracker, e estimar a velocidade do veículo.

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3. Dados Coletados sobre o Acidente de Kayky Brito

3.1 Dados coletados na cena do atropelamento

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3.2 Visualização do local do atropelamento por Google Earth

A Figura 2 apresenta uma breve representação da cena do acidente. Pode-se observar:

1. a Posição da Câmera (fonte do vídeo);

2. a posição da placa de sinalização (proibido estacionar);

3. a zona de impacto, a área de cobertura da câmera;

4. os pontos P_O e P_f, posição inicial e final do veículo no quadro do vídeo.

3.3 Fotogrametria pelo ImageJ

A altura da câmera pode ser estimada a partir da fotogrametria em comparação com a altura do freezer que se apresenta ao lado direito da câmera.

O freezer, comum no mercado brasileiro, possui medidas que variam entre 97 e 100 cm. Desta forma, foi possível estimar a altura da câmera em 2,08 m.

3.4 Hash do arquivo utilizado

Um hash é uma sequência de caracteres resultante de um algoritmo de função de hash aplicado a um conjunto de dados, como um arquivo de vídeo.

Essa sequência é única para cada conjunto de dados, e mesmo uma pequena alteração nos dados resulta em um hash completamente diferente.

Os hashes são frequentemente usados para verificar a integridade de arquivos e para garantir que os dados não tenham sido alterados.

Hash utilizado: SHA512

SHA-512 (Secure Hash Algorithm 512): Também da família SHA-2, produz um hash de 512 bits (64 bytes). É considerado seguro, sendo usado em aplicações que requerem maior segurança e capacidade de resistir a ataques mais sofisticados.

SHA512: a4ad4bdfadd30739c05ecd91fa13b0252719dc23b8ec0575dbecf8b99a7831b8097afe38389efbca75dd0288f2d6a519d512a3dfa5cb85e2f547769d0f5ef7dd

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4. Detalhes da Análise do Atropelamento de Kayky Brito

A partir da coleta da distância entre P_O e P_f, aproximadamente 18,60 m, foi possível fornecer a medida de referência de deslocamento do veículo para o software Tracker, realizando assim a calibração da cena, e obter o acompanhamento do centro de massa do veículo do ponto inicial até o ponto final.

A partir da análise da cena, realiza-se a busca dos pontos de referências, através dos quais se possa mensurar (medir) com maior exatidão possível.

Em uma perícia in loco, essas medidas são obtidas por meio da medição por trenas (digitais ou analógicas) a partir de pontos conhecidos nas imagens. Peritos analisam o atropelamento do ator Kayky Brito

Em posse das informações obtidas foi possível elaborar a dinâmica do evento, detalhando o deslocamento do veículo e da vítima. Peritos anali sam o atropelamento do ator Kayky Brito

5. Como foi Estimada a Velocidade do Veículo no Acidente de Kayky Brito

A velocidade é uma grandeza física que caracteriza o movimento de um corpo, mensurado a taxa de variação no espaço pelo tempo, por isso os princípios fundamentais da física orientam o estudo da velocidade dos veículos envolvidos em acidentes de trânsito. Peritos analisam o atropelamento do ator Kayky Brito

Peritos analisam o atropelamento do ator Kayky Brito

5.1 Análise dos quadros no vídeo analisado do atropelamento

Considerando que o (vídeo) em análise tem taxa de gravação de 15 quadros por segundo, o intervalo de tempo entre dois quadros sucessivos é de 1/15 segundos, ou seja, 0,067 segundos. Significa dizer que um trecho de vídeo composto por 30 quadros tem duração equivalente de 2 segundos.

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5.2 Estimativa da velocidade média do veículo

A velocidade média do veículo é calculada dividindo-se a distância percorrida entre dois quadros pelo tempo gasto para percorrê-la.

5.2.1 Métodos de estimativa

À medida que o intervalo de tempo entre dois quadros diminui, a velocidade média se aproxima da velocidade instantânea, a qual é a velocidade do veículo em um determinado instante.

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5.2.2 Rastreamento do veículo

A partir do Tracker, foi possível calcular a velocidade do veículo para diversos pontos ao longo do trajeto, obtendo a variação de velocidade. O gráfico obtido mediante ajuste linear, gera a equação de ajuste da reta, 𝑥 = 𝑎 · 𝑡 + 𝑏, demonstrada, onde (𝑥) é igual à posição no decorrer do tempo (𝑡), sendo (𝐴) e (𝐵), respectivamente, os coeficientes angular e linear. Peritos analisam o atropelamento do ator Kayky Brito

5.2.3 Resultados

A constante (𝐴) recebe o valor que melhor representa a inclinação da reta, ou seja, a velocidade média do veículo de 9,4 m/s, aproximadamente 52 km/h. Peritos analisam o atropelamento do ator Kayky Brito

Em posse das informações obtidas foi possível elaborar a dinâmica do evento, detalhando o deslocamento do veículo e da vítima.

Para o cálculo da velocidade durante o instante do atropelamento, apurou-se que o impacto ocorreu no instante 16 das medições, identificado como o “frame de momento do impacto entre o veículo e a vítima”.

Ressalta-se que o veículo já se encontrava em operação de frenagem em toda faixa que aparece no quadro analisado e que, a velocidade limite da Av. Lúcio Costa é de 70 km/h.

5.3 Calibração do software ImageJ com informações da cena do atropelamento

Após calibração no ImageJ, apurou-se que a vítima subiu em média 39 cm do nível do solo durante o impacto.

Atentando-se à mecânica clássica na qual o impulso é definido como a força aplicada ao corpo durante um determinado intervalo de tempo.

Neste sentido, a força incidente no corpo da vítima durante o impacto é a força de colisão do carro e o tempo de colisão é o intervalo de tempo da colisão.

A velocidade do carro no momento do impacto é a velocidade necessária para gerar a força de colisão necessária para levantar a vítima na altura observada. Peritos analisam o atropelamento do ator Kayky Brito

5.4 Análise da energia de impacto com o para-brisa

Pela análise do vídeo, verifica-se que a vítima ao subir sobre o capô do veículo, rolou sobre este com a velocidade de acoplamento entre os dois e por fim, subiu a uma altura de aproximadamente 2,06 m, vindo a zerar sua quantidade de movimento quando encostou finalmente no leito da avenida.

Em imagens de vídeo, é possível identificar que o para-brisa do veículo afundou imediatamente após ele atropelar a vítima. Para determinar a velocidade inicial do veículo no momento do atropelamento, é preciso calcular a energia necessária para romper o para-brisa.

O vidro se rompe quando a força de impacto do corpo da vítima sobre a superfície do para-brisa atinge um valor igual ou superior à tensão de rompimento do vidro.

Essa força pode ser calculada a partir da área de contato entre o corpo da vítima e o para-brisa e da tensão de rompimento do vidro. Peritos analisam o atropelamento do ator Kayky Brito

O valor da área é determinado com auxílio do imageJ, com o intuito de encontrar o valor da área de contato. Em cálculo de incertezas, o valor poderia ter incertezas na ordem de 10%, aproximando de 50 km/h, corroborando a velocidade média encontrada junto ao software Tracker.

6. Considerações e Limitações da Análise do Caso Kayky Brito

Importante salientar o reconhecimento das limitações da análise preliminar e dos possíveis fatores que podem influenciar os resultados.

O aprofundamento deste estudo pode ser realizado a partir de medições in loco pela constatação real do ponto de impacto, do ponto final de projeção da vítima, bem como, da análise de outras fontes de vídeos.

Ratifica-se que esse estudo não faz julgamentos sobre as ações dos envolvidos e apenas expõe os fatos como objeto de um objeto de estudo técnico e aplicação de ferramentas forenses.

7. Conclusão sobre a análise do atropelamento de Kayky Brito

Em análise dos gráficos obtidos no software de rastreamento e análise por fotogrametria das imagens, apurou-se que, no momento da colisão, o veículo Fiat Argo encontrava-se em desaceleração com desvio à direita na pista de rolamento, visando, a princípio, evitar a colisão com a vítima.

Conforme os estudos preliminares realizados, a velocidade de colisão com a vítima foi da ordem de 44 km/h e a velocidade média do veículo, no trecho apurado pelo vídeo, foi de aproximadamente 52 km/h.

As ferramentas e procedimentos aplicados nesta análise podem ser utilizados em situações semelhantes à análise, nas quais apenas materiais de vídeos e relatos são fornecidos.

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8. Referências

Gomes, P. G. O Guia do Perito. Editora Leud. São Paulo, 2023.

Open Source Physics. (2023). Tracker Video Analysis and Modeling Tool for Physics Education. Physlets. https://physlets.org/tracker/.

Schneider, C., Rasband, W. & Eliceiri, K. NIH Image to ImageJ: 25 years of image analysis. Nat Methods 9, 671–675 (2012). https://doi.org/10.1038/nmeth.2089.

9. Autores